Guardanapos de papel VS Guardanapos de pano
Cá vai um tema de discussão. Ah, e como eu gosto de uma boa discussão! Onde cada um lança os seus argumentos e teorias!
Nas casas onde cresci, à mesa estava sempre o guardanapo de pano. Na casa da minha madrinha, cada elemento tinha um guardanapo da sua cor (o meu era o cor de rosa) e na casa da minha mãe os guardanapos, por serem iguais, eram guardados dentro de bolsas de crochê, todos eles diferentes e a corresponderem a um membro do agregado familiar (o meu era todo branco).
Uma fofura de bolsa deste género
Talvez por a minha família ter crescido numa época de pouca abundância onde tudo o que havia era aproveitado, e apesar de lá por casa haver sempre guardanapos de papel, à mesa reina sempre o pano. Na minha casa continuei a tradição e usamos guardanapos de pano. Papel só quando vai lá jantar alguém ou quando os de pano não estão disponíveis.
Os Argumentos
“Tchi, a limpar a boca à carne assada de há 2 dias!”
Não se esqueçam que o guardanapo tem vários lados e é uma coisa móvel, não é estático. Vão-se usando os vários lados limpos. Além disso não consigo sujar assim tanto a boca a comer ao ponto de ter de chafurdar no pano.
“E quando sujas as mãos? Fica tudo sujo, que nojo!"
Eu como sardinhas e frango assado com as mãos (desculpa Paula Bobone) mas só assim é que me sabe bem e como é lógico, ou pelo menos para mim é lógico, não limpo as mãos a um guardanapo (seja qual for) depois de um festim destes porque há gordura e há cheiro que só sai com água e sabão. Ou quem usa guardanapos de papel não lava as mãos depois de as usar para comer?! Eh Carla, que mulher das cavernas, já ouviste falar em talheres?
Usar guardanapos de pano é muito mais ecológico. Fiz umas continhas. Imaginando que em casa se fazem 9 refeições por semana (5 jantares durante a semana + sábado e domingo), a usar 1 guardanapo de papel por refeição, uma pessoa gasta 360 guardanapos por ano. Se aplicarmos estas contas a uma família com 4 pessoas, dá cerca de 1440 guardanapos de papel por ano. Multiplicai pelo número de famílias em Portugal e é sempre a aumentar. Para se fazer 1 tonelada de papel é preciso cerca do dobro em madeira e cá estamos nós a consumir recursos naturais. Vamos contar também com os litros de água (para terem ideia, 1 folha A4 consume 10L), a energia consumida, o plástico necessário para embalar e o combustível para fazer chegar as embalagens às lojas. E nem vou contar com a dimensão do guardanapo, se é folha dupla, simples, se tem cor ou é branco. Para não dizerem que sou facciosa, também fui ler sobre a produção de algodão. Para fazer uma t-shirt de algodão parece que são precisos 2000L de água. É realmente muito, mas lembrem-se que sempre podem cortar aos quadrados as vossas t-shirts e lençóis velhos. E os guardanapos podem durar anos (sim, os tais de casa da madrinha e da mãe têm pra cima de 20 anos).
“Mas também gastas água para lavares os guardanapos! E tens de os passar a ferro.”
No meio de uma máquina cheia de roupa, o que são 2 ou 4 guardanapos de pano? Nada, zerinho. Passar a ferro é discutível, principalmente pelo tipo de tecido que pode amarrotar-se mais ou menos. E é como passar a ferro os lençóis: um desperdício de tempo e energia para uns, uma necessidade para outros.
“Os guardanapos de papel vão para a reciclagem.”
Bom esforço amigo, mas em vão. Sorry! Lenços e guardanapos de papel não são recicláveis. Poderão encontrar guardanapos de papel reciclados, porém depois de usados já não podem eles prórios ser reciclados. A utilidade final mais nobre que lhes podem dar é no compostor.
Acima de tudo acho que é uma questão de hábito. Eu cresci assim, acho banal usarem-se guardanapos de pano.
E quem tiver jeitinho para a costura pode averturar-se a fazer os seus e formas mais actuais de os identificar, sem ser com bolsas de crochê.
Convenci-vos?